É longo! Mas esse texto vai abrir sua mente e derrubar preconceito ou mal entendido em relação à gramática. O que é, para que serve, quais são os tipos, o que fazer com ela, eis aqui o mapa desse texto-ensaio. Quero esclarecer tudo isso para você.
Gramática é um conjunto de regras. Essa palavra vem do grego [γραμματική] grammatiké. E o seu significado é registrar e estudar o funcionamento da língua. A partir dessa definição, não faz sentido das pessoas odiarem a gramática. Estudar gramática serve para entender a língua e conseguir “pegá-la”. É a gramática que nos dá noções de frase bem-formada versus frase mal formada, ou frase com sentido versus frase sem sentido. E também, tradicionalmente se diz que, pela gramática se percebe se a frase está correta ou incorreta. Já não gosto desse termo porque o correto é relativo ao lugar. Explico! Quem usa a língua popular e não foi educado na escola acha que é correto seu jeito de falar. E quem foi a escola e adota o padrão escolar, acha que é esse que é correto. Eu prefiro o termo adequação e inadequação, assim, tanto a língua popular quanto a língua da escola terão seu espaço na sociedade falante.
Quando vamos analisar os tipos de gramática, ficamos boquiaberto ao perceber que se tem muitos. Mas antes disso quero dizer que existe apenas duas fontes de gramática: o do povo, e a do especialista.
A gramática do povo é primária. A convivência, isto é, o tempo e o espaço que a criam. Já a gramática dos especialistas é secundária. Um grupo de eruditos da linguística elege qual padrão seguir e passa a cobrar a sociedade a se balizar por ela. Geralmente essa gramática secundária vem de um lugar desenvolvido, dominante e passa a ser padrão.
O inglês de Londres foi o padrão; o francês de Paris foi o padrão. E ainda é assim! A região mais rica, mais poderosa, mais influente sobrepõe às demais e passa a ser padrão. E os jeitos de se falar das outras regiões passam a desempenhar um papel do erro, do deselegante, do antipático…
Mas voltando aos tipos. Podemos tipificar o jeito de explorar a gramática dos especialistas que chamamos de gramática prescritiva ou normativa, porque são muitas. Temos a Gramática Formal, a Gramática Funcional, a Gramática Gerativa, a Gramática Universal, a Gramática Estrutural, a Gramática Cognitivo-funcional. É claro que temos outras, mas vamos falar dessas por enquanto.
FORMAL: a gramática formal é um conjunto de regras para se reescrever cadeias e saber se seu sentido é correto ou não, tomando como partida um símbolo inicial, do qual se começa a reescrita. Em outras palavras; é descrição de uma linguagem natural.
FUNCIONAL: gramática voltada à análise da sistematicidade da estrutura da língua ou apenas da sua instrumentalidade de uso. Vê a língua como estrutura maleável, sujeito a mudança e não tão arbitrário.
GERATIVA: gramática que leva em consideração o componente criativo da linguagem humana. Noam Chomsky é o seu maior representante. Os falantes são capazes de criar e compreender frases inéditas, pois a língua é um sistema finito capaz de gerar (gerativo) infinitas frases. O falante tem competência (entende) e desempenho (fala).
UNIVERSAL: gramática que se ocupa dos aspectos sintomáticos que são comuns a todas as línguas do mundo. Visa analisar o que é gramaticalidade versus agramaticalidade nas línguas.
ESTRUTURAL: essa gramática tem em Ferdinand de Saussure como seu representante principal. Ela tenta estabelecer e descrever uma estrutura gramatical das línguas, com um conjunto de leis internas e conjunto de elementos que se unem. O estruturalismo foca muito o plano maior na relação LANGUE – plano maior, PAROLE – plano menor.
COGNITIVO-FUNCIONAL: gramática que se preocupa com a situação comunicativa que envolve o uso da língua.
Ao se aprender uma língua; deve-se escolher um rumo que encaixe melhor com seu jeito de aprender; com sua persona. Cada tipo de gramática pode ajudar, isto é, facilitar o seu aprendizado ou não. Cada gramática foca um aspecto que pode ser positivo ou negativo para você.
Estudar uma língua envolve pontos observáveis dela como fonética, fonologia, morfologia, semântica, etimologia, estilística, literatura. Um tipo ou outro pode focar mais nisso ou naquilo. Esses nomes são técnicos, mas já é bom ir acostumando com cada um deles. E, por falar em termos técnicos, podemos citar que as gramáticas são chamadas ou classificadas, também de reflexiva, explícita, implícita, contrastiva, geral, universal, histórica, comparada. A língua é realmente intrigante!
Você não precisa ter ódio ou preconceito com a gramática. Você só precisa entendê-la e escolher qual tipo vai servir você melhor na hora de aprender línguas de forma mais fácil. Não existe só uma e cada uma das existentes tem um norte, um caminho que pode facilitar ou dificultar a jornada de sua aprendizagem de inglês ou de qualquer outra língua.
Eu sou adepto das gramáticas funcionais. Elas nos ajudam de uma forma espetacular. Mas não posso indicá-la a ninguém porque o que é bom para mim pode não ser para você. O que eu te indico é conhecer e experimentar algumas para decidir qual vai adotar na hora de estudar ou aprender uma língua.